Com a disseminação exponencial dos computadores digitais, que conectam bilhões de pessoas globalmente nas últimas décadas, tornou-se inevitável que essa tecnologia também fosse utilizada para práticas criminosas. Estudos recentes revelam que o Brasil se destaca negativamente no cenário latino-americano, sendo o país que mais sofre ataques cibernéticos de diferentes naturezas e complexidades.
"Ataques cibernéticos aumentaram 38% no primeiro trimestre de 2024."
"Denúncias de crimes cometidos pela internet mais que dobram no Brasil."
"Golpes digitais atingem 24% da população brasileira em 2024".
Nos últimos anos, o Brasil tem acumulado manchetes alarmantes relacionadas a crimes cibernéticos, evidenciando a crescente necessidade de agentes policiais e profissionais especializados preparados para enfrentar essa modalidade cada vez mais sofisticada de criminalidade.
Fonte: Google Imagens
O QUE É A COMPUTAÇÃO FORENSE
A computação forense ou forense digital é um ramo da computação que tem como objetivo principal coletar, reunir e analisar evidências digitais judicialmente legais com metodologias técnico-científicas, a fim de auxiliar a solução de um crime cibernético. O perito deve sempre conduzir uma análise de maneira ética e imparcial, tendo em mente que não existem culpados ou inocentes antes do julgamento.
Seu papel se resume na análise do caso por meio de mídias digitais, aplicando seu conhecimento em prol da resolução do caso de forma justa. No final da década de 1990, foi criado o ACPO Good Practice Guide for Digital Evidence (Guia de Boas Práticas para Evidências Digitais). O guia é uma referência fundamental para quem trabalha no campo da computação forense e fornece informações para aquisição, preservação e análise de evidências, dispostos em 4 princípios:
PRINCÍPIO I: "Nenhuma ação tomada por agências de aplicação da lei, pessoas empregadas nessas agências ou seus agentes devem alterar dados que podem ser posteriormente invocados em tribunal."
PRINCÍPIO II: "Nas circunstâncias em que um profissional considera necessário acessar aos dados originais, essa pessoa deve ser competente para o fazer e ser capaz de fornecer provas que expliquem a pertinência e a implicações de suas ações."
PRINCÍPIO III: "Uma trilha de auditoria ou outro registro de todos os processos aplicados à evidência digital deve ser criado e preservado. Um terceiro independente deve poder examinar esses processos e alcançar o mesmo resultado."
PRINCÍPIO IV: "A pessoa responsável pela investigação tem a responsabilidade geral de garantir que a lei e esses princípios serão respeitados."
FORMAS DE ATUAÇÃO
Embora a atuação de um profissional da computação forense possa parecer restrita às agencias federais de investigação, suas formas de exercícios da função são bem abrangentes e podem possuir inúmeros propósitos. Dentre as principais estão:
PERITO CRIMINAL - Nesta forma de atuação o profissional deve obrigatoriamente prestar um concurso de nível superior para oŕgãos policias, como para a Polícia Federal ou Polícia Civil.
ASSISTENTE TÉCNICO - É um profissional que atua como contratado por uma das partes em um processo civil, podendo formular hipóteses de cunho técnico que vão em defesa de seu cliente . No artigo 466, parágrafo 1º, do Código de Processo Civil ( CPC): “Os assistentes técnicos são de confiança da parte e não estão sujeitos a impedimento ou suspeição”
PERITO JUDICIAL - Segundo Pedro M. da Silva e Mário P. Machado, autores do livro Desvendando a computação forense: "(...) conforme definidos no caput dos artigos 159 e 160 do CPP, que dizem, respectivamente: "O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior." e "Os peritos elaborarão o laudo pericial, no qual descreverão minuciosamente o que examinarem e responderão aos quesitos formulados.". De forma resumida, o perito judicial atua sendo nomeado por um(a) juiz(a) como perito, não tendo a necessidade de ser concursado.
ANALISTA FORENSE E INVESTIGADOR PARTICULAR - Diferentemente das 3 primeiras formas, um analista forense e um investigador particular não atuam necessariamente em casos que terão como etapa final um júri no tribunal. Um analista forense pode trabalhar para uma empresa e ser contrato para fazer parte do time de respostas à incidentes, por exemplo. Um investigador particular por sua vez pode atuar fornecendo serviços de segurança de rastreio de pessoas,rastreio de bens materiais, auditorias e outros.
QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS ATIVIDADES ?
Identificar, coletar, preservar e analisar a evidência de um cibercrime.
Rastrear e processar os suspeitos criminosos em um tribunal.
Interpretar, documentar e apresentar as evidências de forma que sejam admissíveis durante
acusação.
Estimar o impacto potencial da atividade maliciosa na vítima e avaliar a intenção do cibercriminoso.
Encontrar vulnerabilidades e brechas de segurança em um sistema.
Entender as técnicas e métodos usados pelos atacantes para evitar futuros ataques.
Recuperar arquivos excluídos, arquivos ocultos e dados temporários que podem ser usados como evidência.
Rastrear pessoas e bens materiais.
REFERÊNCAIS
Desvendando a Computação Forense - Pedro M. da Silva Eleutério e Marcio P. Machado
Digital Forensics Essentials - EC Council (Curso)
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